Wednesday, October 01, 2008

ARTHUR SZIK - “UM EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ”

A história é quase sempre escrita pelos vencedores. Não só escrita, como emoldurada, mitificada, adaptada às conveniências do poder triunfante. Por isso, e não só, o humor gráfico é um mal-amado pelos senhores que estão no poder, e pelos que o ambicionam. Contudo, a voz dos “loucos da aldeia” têm mais verdades que a verdade que se vê, e o Cartoon, o desenho de humor é fundamental para se conhecer algumas das verdades da história.
Num gesto impar de democracia e pedagogia, o Museu de Historia Alemão resolveu expor as obras do cartoonista Arthur Szik (1894 - 1951) numa exposição denominada “Desenhos contra o nacional-socialismo”. Este genial artista da sátira política nasceu em Lodz – Polónia, no seio de uma família judaica. Na adolescência foi estudar para Paris, integrando a boémia parisiense da década de vinte, contudo em vez dos cubismos, mos futurismos, do dadaismo interessou-se mais pela investigação das técnicas medievais, renascentistas do desenho, da gravura, recriando não só a beleza dessas técnicas, como o grotesco que germinou na artes desses períodos, readaptando-o para o grotesco da vida contemporânea.

Pertencendo à tribo Judaica, desde cedo conheceu as agruras da diáspora, os estigmas de seu povo procurando documentar pelo desenho todas essas vivências em sátira, em humor, uma das armas de sobrevivência que o Judaísmo desenvolveu ao longo dos séculos.
A ascensão do nazismo obrigou-o a exilar-se nos EUA onde se tornaria o cartoonista dos principais periódicos, onde usou todas as suas armas gráficas contra os novos “Atilas” (Alemães, Italianos, Japoneses…), contra a Barbárie que dilacerava a humanidade de meados do séc. XX. Essa sua luta, esse seu fulgor em batalha tipográfica levaria Eleonor Roosevelt (esposa do presidente dos EUA) a dizer que ele era um “exército de um só Homem”.

Sua mãe, e demais familiares morreram nos campos de concentração que ele desde muito cedo denunciou, e que o poder dos Aliados procuraram sempre ignorar e só muito tardiamente reconheceram como real.

Mas os seus inimigos a combater não era só o nazismo Hitleriano, Mussolinico, Franquista, Nipónico…. Era a barbárie de qualquer animal humano contra os seus irmãos. Por essa razão foi também um denunciador do racismo, do xenofobismo que le via à sua porta mericana contra os negros e outras raças, ou o anti-comunismo primário, absurdo e animalesco de McCarthy. Por essa razão, e apesar de todos conhecerem o seu lado da trincheira foi incomodado pelo Congresso americano, foi perseguido e se morreu de ataque de coração pouco tempo depois das intimidações policiais, nada pode negar que o fascismo americano foi um dos culpados da sua morte.

O judaísmo foi um alento para a sua vida, para a sua obra, razão pela qual na sua obra também se pode encontrar o louvor, o apoio à criação de um estado Judaico.



Morreu em 1951, mas a Arthur Szyk Society mantêm a sua obra de génio viva em mostras um pouco por todo o mundo. A Alemanha, e a Europa, com esta exposição redescobre a obra genial deste grande mestre do desenho, da história viva. A exposição estará patente até 4 de Janeiro de 2009, pena tenho de não poder lá ir.

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